Governo acena com adiantamento do início das negociações
A Jornada Nacional de Lutas, em Brasília, chega ao segundo dia nesta quarta-feira, 08, com a participação de milhares de trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil.
Mais uma vez, os trabalhadores ocupam a Esplanada dos Ministérios para pressionar o governo no atendimento das suas reivindicações, defender os serviços públicos de qualidade, denunciar para a população e repudiar as medidas de ajuste fiscal, as privatizações, as terceirizações, os cortes de direitos e a precarização.
A jornada faz parte da agenda de mobilização da Campanha Salarial Unificada dos Servidores Públicos Federais (SPF’s).
A principal reivindicação dos federais é o reajuste salarial linear de 27,3% que tem como base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto de 2010 a julho de 2016, que foi de aproximadamente 44%, já descontados os 15,8% concedidos pelo governo em três parcelas, de 2013 a 2015.
Clique aqui e confira a pauta completa de reivindicações dos trabalhadores federias.
ES na luta
Trabalhadores e trabalhadoras federais da base do Sindpev-ES participam da jornada. A caravana enviada pelo sindicato conta com mais de 40 pessoas entre trabalhadores ativos e aposentados da Seguridade e do Seguro Social.
“Estamos na luta com trabalhadores de todo o Brasil para mostrar ao governo que não vamos aceitar pagar a conta da crise financeira, nem do ajuste fiscal”, destacou o diretor do Sindprev-ES Willian Aguiar.
Segundo ele, a pressão causada pela jornada já começa a surtir efeito. “O governo propôs um calendário de negociações que ia de maio a julho, mas a Fenasps fez uma contraproposta para antecipar as negociações para abril. Hoje, o governo já acenou com esse adiantamento da primeira reunião para o dia 23 de abril. E uma reunião específica com a Fenasps no dia 24 de abril”, informou o diretor.
Durante a Jornada Nacional de Lutas, que continua nesta quinta-feira, 09, haverá também discussões sobre o indicativo de greve dos servidores públicos federais.
NÃO À VIOLÊNCIA CONTRA OS MANIFESTANTES NA CÂMARA DOS DEPUTADOS
A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na Câmara dos Deputados repudia a violência desencadeada contra os trabalhadores vindos de vários locais do Brasil manifestar sua contrariedade ao PL 4330. Não é com bombas de gás, cassetetes e spray de pimenta que se garante o bom debate e a deliberação legislativa. Galerias fechadas tiram o sentido da ação parlamentar, que é por natureza pública e de confronto de ideias.
Na nossa visão, o Projeto de Lei 4330 flexibiliza os direitos trabalhistas, abre a possibilidade de terceirização de todas as atividades, confronta a CLT, derruba os pisos salariais, torna inúteis convenções coletivas de trabalho e as conquistas da luta sindical. Além disso, o projeto reduz o papel das categorias organizadas, amplia a terceirização na esfera pública, dissemina a contratação sem critérios, isenta a responsabilidade solidária entre empresas contratantes e terceirizadas contratadas e acaba com a jornada de trabalho de 44 horas semanais. O PL, que é um retrocesso, é de total interesse das entidades patronais, que buscam recuperar as margens de lucro em meio à crise. Nada mais natural que os trabalhadores queiram, legitimamente, manifestar seu repúdio a essas medidas.
A Câmara dos Deputados, por sua vez, deveria acolher as justas manifestações populares e considerar a hipótese de retirada do projeto, para assegurar mais discussões em torno de seu conteúdo. Ao invés disso, a direção da Câmara agrega tensão à tensão, ao fechar o direito de acesso às galerias e negar qualquer possibilidade de diálogo com os manifestantes – sob a alegação de que “deputados foram agredidos e pressionados”. Toda violência precisa ser apurada, mas até aqui temos informações sobre quatro trabalhadores e um policial militar feridos, além de um manifestante detido.
Na gestão Eduardo Cunha o clamor das ruas não tem vez e sua voz é olhada sempre com desconfiança. O que se diz e repete é que “a Câmara é dos Deputados”, esquecendo-se do povo que nos colocou aqui e nos sustenta, e a quem temos a obrigação de servir, sempre. O PSOL repudia tanto o conteúdo do PL 4330 quanto a truculência contra a cidadania que venha à Câmara defender seus interesses.
Bancada do PSOL na Câmara dos Deputados.
7 de abril de 2015.
Clique aqui e confira como foi o lançamento da campanha salarial unificada dos SPFs.