Em entrega de ambulâncias na Sesa, Sindsaudeprev cobra de Casagrande respostas sobre a modalidade salarial e a insalubridade
A luta por direitos e por mais dignidade para a categoria teve mais um capítulo protagonizado por coordenadores do Sindsaudeprev e trabalhadores da saúde, nessa terça-feira, 23 de julho, em evento de entrega de ambulâncias, realizado na Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), em Vitória.
“O subsídio é um suicídio para o trabalhador, governador”, protestou a coordenadora do sindicato Eliane Mauro.
Casagrande rebateu: “mas pode escolher. Não é opção”? A coordenadora do sindicato retrucou: “pode escolher, mas tira direitos, governador. E os auxiliares que ficaram sem nenhum um porcento de reajuste, por que a falta de isonomia com os auxiliares?”.
Casagrande se virou, porém voltou a olhar para Eliane e disse, “está sendo resolvido”. Mas, ele seguiu ouvindo cobranças.
Dessa vez, o coordenador do Sindsaudeprev Anderson Pedro Alves, “estamos há um ano sem insalubridade. E nos foi aprestando uma planilha (do subsídio) e depois aplicada outra”, pontuou.
O governador respondeu: “Vou marcar uma reunião com a Seger (Secretaria Estadual de Gestão e Recursos Humanos)”.
Essa resposta do governador é estranha, pois faz parecer que ele desconhece os passos de uma das suas principais secretarias.
Afinal, o Sindsaudeprev, desde quando o governo iniciou a apresentação da proposta do subsídio para a categoria, fez diversas reuniões com a Seger.
E o sindicato continuou pressionando a Secretaria para que as respostas fossem dadas e a insalubridade fosse paga, mesmo depois do período de adesão à política salarial do subsídio.
Mais estranheza. Quando a Seger apresentava o subsídio ao Sindsaudeprev e aos trabalhadores da saúde, assessores, subsecretários e o secretário davam a entender que a política salarial do subsídio era uma proposta bem elaborada e que, no geral, seria vantajosa à categoria.
Por isso também é estranho o governador questionar que o subsídio é opcional. É como se o governo jogasse o ônus pela escolha do subsídio na conta do trabalhador.
Mas isso tudo é reflexo da política de enrolação do governo do Estado. Política essa que a categoria respondeu com a deflagração do estado de greve, decidido em assembleia no dia 18 de junho. E com as paralisações pipoca, que terão início no Dório Silva, nesta quinta-feira, 25.
Contra a privatização
Em seu discurso de entrega das ambulâncias, em cada pausa que fazia Casagrande ouvia:
“Tá comprando ambulância para atender a hospital privatizado”; “Fala que investe em saúde, mas está terceirizando a mão de obra”; “Tem que abrir concurso público. Tem que valorizar o servidor da saúde. O SUS é do povo e tem que ser 100% público;”.
Brados que só não retumbaram mais, por conta do público ali presente.
Isso porque, mesmo após dois episódios de excessos do Batalhão de Missões Especiais da Polícia Militar contra manifestantes, na semana de 15 a 19 de julho, o governador Casagrande foi aplaudido durante a entrega das ambulâncias.
Tirando os trabalhadores da saúde e os diretores do Sindsaudeprev, a maioria da plateia era formada por assessores e prefeitos do interior do Estado e suas respectivas assessorias.
Das 15 ambulâncias entregues pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) nove vão para municípios do interior e seis vão atender a hospitais da Grande Vitória.
A entrega contou ainda com oito ambulâncias, que atendem a localidades de difícil acesso, mas que foram adquiridas com recursos do Ministério da Saúde.
Inchaço na Grande Vitória
De acordo com a reportagem da Rádio CBN Vitória, o governo do Estado investiu R$ 1,8 milhão nas 15 ambulâncias, sendo que seis atenderão a hospitais da Região Metropolitana e nove aos seguintes municípios capixabas: Água Doce do Norte, Apiacá, Águia Branca, Bom Jesus do Norte, Brejetuba, Dores do Rio Preto, Mucurici, Pedro Canário e São José do Calçado.
Ainda segundo a reportagem, as ambulâncias desses municípios poderão ser usadas para levarem pacientes a outros centros, que tenham melhores hospitais e de diferentes complexidades.
E isso quase sempre traz pacientes do interior para hospitais da Grande Vitória, contribuindo para superlotação das unidades que já têm de atender aos moradores da capital e adjacências.
O que ratifica a falta de preocupação dos governos municipais, do Estado e do País em interiorizar a rede pública de saúde, garantindo melhores serviços para a população em suas próprias cidades.
E também por conta disso, o Sindsaudeprev marcou presença na entrega da ambulância, antes mesmo da chegada dos prefeitos, secretários e do governador. Afinal, além de lutar pelos direitos da categoria, o sindicato sempre luta contra qualquer forma de política de terceirização e privatização da saúde pública.