A Câmara dos Deputados comprovou, mais uma vez, que está tomada por uma corja de corruptos e inimigos do povo
A Câmara dos Deputados comprovou, mais uma vez, que está tomada por uma corja de corruptos e inimigos do povo. Nesta quarta feira (2), entre 513 deputados, não houve número suficiente de parlamentares com a mínima decência de votar a favor da abertura de investigação do presidente Michel Temer por corrupção.
Sem atingir o quórum necessário para a aceitação do pedido da Procuradoria Geral da República (342), a votação contra Temer acabou em uma grande e mal cheirosa “pizza”.
O parecer do relator Paulo Abi-Ackel (PSDB), que era favorável a Temer e pela rejeição da denúncia, foi aprovado com o voto de 263 deputados. Outros 227 votaram para que a denúncia fosse aceita, 2 se abstiveram e 19 não compareceram.
Uma sessão deprimente
Foi novamente um show de horrores. Teve de tudo. Bate-boca, empurra-empurra, xingamentos, a “mala de Rocha Loures” (assessor de Temer flagrado levando propina da JBS numa mala), notas falsas de dinheiro com a foto de Temer, entre outros fatos, marcaram a votação.
Enquanto mais de 80% da população defende a abertura do processo contra Temer, que vale ressaltar tem a pífia aprovação de 5% dos brasileiros, os deputados deram um show de hipocrisia e escárnio com o povo brasileiro, principalmente quando começaram a anunciar seus votos.
Diferente da votação do impeachment da ex-presidente Dilma, quando a maioria dos deputados dedicou seus votos à Deus, à família, aos filhos, ao cachorro e até a torturadores da ditadura, na sessão sobre Temer, os votos foram mais objetivos, porém ainda hipócritas.
Sem condições de defender de forma contundente o presidente corrupto, grande parte dos deputados que votou a favor de Temer, o fez de forma envergonhada para evitar desgaste junto aos eleitores. Vários votaram a favor de Temer em nome da “estabilidade política e econômica”. Houve aqueles que disseram não apoiar a corrupção, mas que “Temer só deveria ser julgado depois que deixar a presidência da República, em 2019”! Ou seja, pode continuar roubando, desde que garanta o ajuste fiscal e as reformas.
Livre por condenados e investigados
Temer saiu vitorioso com o voto de uma maioria de deputados também afundados em denúncias de corrupção. Segundo levantamento do site Congresso em Foco, pelo menos, 190 dos 513 deputados federais estão envolvidos em inquéritos ou ações penais no STF. Teve até deputado presidiário que participou da sessão para votar a favor de Temer. É o caso de Celso Jacob (PMDB), que cumpre pena de sete anos de prisão no Complexo Penitenciário da Papuda à noite e exerce o mandato durante o dia.
Balcão de negócios no Congresso
Nesta quarta, à luz do dia, o governo deu continuidade à estratégia dos últimos meses e transformou o próprio plenário da Câmara em um balcão de negócios. Ministros e líderes governistas foram flagrados, negociando a compra de votos de deputados, com distribuição de cargos, emendas e sabe-se lá mais o que.
A tática custou caro aos cofres públicos. Somente no mês de julho foram R$ 2,1 bilhões em emendas. Somente o deputado Wladimir Costa (SD), que se prestou ao ridículo papel de tatuar o nome de Temer no ombro direito e é acusado pela PGR de se apropriar de parte do salário de funcionários fantasmas de seu gabinete, foi beneficiado com R$ 7 milhões.
Além da compra de votos, Temer aprovou Medidas Provisórias e destravou a tramitação de projetos em favorecimento à chamada Bancada BBB (Boi, Bala, Bíblia), deputados ligados aos setores do agronegócio, segurança e evangélicos, respectivamente. Teve liberação de grilagem, perdão e renegociação de dívidas de ruralistas, etc.
Fora Temer! Fora Todos os Corruptos!
A vitória conseguida por Temer nesta quarta não significa o fim da crise do governo. A Procuradoria Geral da República prepara novas denúncias e novas delações prometem trazer à tona mais corrupção.
Não vamos aceitar que esse bando de picaretas do Congresso continue mantendo esse presidente corrupto e, mais do que isso, siga aprovando leis contra os trabalhadores e o povo. Barrada a denúncia na Câmara, o governo quer marcar a votação da Reforma da Previdência.
“Esse Congresso de corruptos, cuja maioria dos deputados é atrelada ao agronegócio, aos grandes empresários e ao sistema financeiro acaba de votar contra a admissibilidade do processo contra Temer, à custa de compra de votos. Mas não é surpresa, pois sabemos que eles são todos iguais e se unificam na defesa de seus interesses”, avalia Paulo Barela, da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.
“É preciso construir as mobilizações nas ruas. Fazer uma nova greve geral. Os trabalhadores já demonstraram disposição de luta, fizeram uma greve geral em abril e só não tivemos outra no dia 30 de junho, pois as cúpulas das centrais sindicais boicotaram a mobilização”, disse. “Nós, da CSP-Conlutas, seguimos defendendo que é preciso construir uma nova greve geral. Os trabalhadores é que podem por Temer e todos os corruptos pra fora e barrar as reformas”, continuou.
Barela destacou que setores tanto governistas como da oposição contribuíram para que Temer se safasse no dia de hoje. O governador da Bahia, que é do PT, por exemplo, liberou secretários para votar a favor de Temer.
“Essa falsa democracia não serve aos trabalhadores. O Congresso é um jogo de cartas marcadas e o governo está a serviço de ladrões, como da JBS. Os trabalhadores precisam construir, nas lutas, uma outra alternativa da classe”, defendeu.
“Fazemos um chamado às centrais. Já está demonstrado que no Congresso os trabalhadores só terão ataques. Se, de fato, estão contra Temer e a favor de derrubar as reformas, que venham construir a mobilização direta, nas ruas. Vamos organizar uma nova greve geral e aí sim botar pra fora Temer e derrotar as reformas”, concluiu Barela.
Confira algumas pérolas da votação na Câmara:
“Pelo progresso, eu voto sim” (Paulo Maluf/PP)
“Homem decente, preparado, transparente”, elogiou Wladimir Costa (SD), o deputado da tatuagem
Sob risos no plenário, Carlos Marun (PMDB) disse que confia na “inocência” de Temer.
“Pelo progresso do país, pela religião, pela não implementação da ideologia de gênero nas escolas, eu voto sim”, (Professor Victório Galli/PSC)
Fonte: CSP-Conlutas