TCU constatou essa realidade em 4 unidades públicas do Estado
Faltam vagas, equipamentos, médicos e enfermeiros nos hospitais públicos do Espírito Santo. A constatação, sentida pela pela população há anos, do Tribunal de Contas da União (TCU), que está realizando um levantamento em todo o país. Só de leitos há uma deficiência de 2.655 clínicos e 405 de Unidade de terapia Intensiva (UTI) em todos os hospitais.
Os gasto médio per capita com saúde no Estado em 2012 foi de R$ 439,76, considerado baixo pelo TCU. Em Cariacica, e Vila Velha, a situação foi pior ainda, com investimentos de, respectivamente, R$ 208,09 e R$ 250,75.
“Apesar de haver uma carga tributária significativa, o que a gente percebe pelo relatório do TCU é que conseguir vaga não é direito, é quase ganhar na loteria, é preciso apelar”, diz o especialista em Políticas Públicas e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Roberto Garcia Simões
Hospitais
Além de recolherem informações do Conselho Regional de Medicina(CRM-ES), do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) e do subsecretário de Estado para Assuntos de Gestão Hospitalar, Fábio Benezath Chaves, os técnicos do TCU visitaram quatro hospitais.
Foram eles: Hospital Dr. Jayme Navarro Santos Neves, que fica na Serra; Hospital e Maternidade Sílvio Avidos, em Colatina; Hospital Antônio Bezerra de Farias, em Vila Velha; e Hospital Geral de Linhares, único municipal da lista, localizado em Linhares.
Em três dessas unidades foi verificado que a ocupação dos leitos de urgência e emergência supera 100%, o que que dizer que há superlotação, com atendimentos realizados nos corredores.
Os gestores desses hospitais relataram que a quantidade de profissionais – entre médicos, enfermeiros, técnicos e anestesistas – está abaixo do necessário para atender à demanda de pacientes.
Além disso, em um dos hospitais foi detectada carência de equipamentos básicos como camas – faltavam 40 – e medidores de pressão. Em outra unidade foi verificada a existência de aparelhos de alto custo, como desfibriladores e máquinas de tomografia, quebrados “há uma longa data, sem perspectiva de conserto”.
Paciente foge de corredor do São Lucas
Após um acidente de moto na última segunda-feira, em Piúma, o instalador de acessórios Washington Luís Moreira Gama, 25, chegou desacordado ao Hospital São Lucas, em Vitória, acompanhado por um amigo.
Mas, após ter recebido os primeiros socorros e recobrado a consciência, com a cabeça enfaixada e ferimentos nas pernas, o rapaz abandonou ontem a unidade, “cansado de esperar por atendimento digno”.
“Fiquei três dias no corredor, numa maca dura, convivendo com barulho, calor e sangue pelo chão. Se contar toda a realidade, só Nossa Senhora para acudir”, desabafa ele.
O jovem retirou o soro e saiu do hospital sem ordem médica “Saí sem encontrar médico algum. Pedi meus exames para ser atendido em outra unidade e não consegui”, afirmou.
Técnicos do Tribunal de Contas da União (TCU) não visitaram o São Lucas, Washington não tem dúvidas de que a unidade retrata a carência da saúde pública no Estado.
Sem vaga
Há 10 dias o aposentado Joaquim Tomasini aguarda uma vaga para internação. Cardíaco, diabético e com uma pedra nos rins, ele diz que precisa fazer uma cirurgia urgentemente. Enquanto aguarda, vai todos os dias ao pronto-socorro de Alfredo Chaves, onde mora, para tomar medicação que amenize sua dor.
“Ele já está inscrito na Central de vagas. Todos os dias verificam, mas até agora nada. Por causa das dores a pressão sobe e ele também tem sangrado”, diz a mulher de Joaquim, Mariza Furlan.
Fonte: Gazeta Online.