Pedidos de benefício são adiados; consultas vêm sendo remarcadas
Luísa Torre – itorre@redegazeta.com.br
Em 70 dias de greve, os médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) já deixaram de fazer cerca de 24 mil atendimentos no Estado. Com as perícias agendadas sendo remarcadas para cerca de um mês para a frente, quem busca o atendimento pela primeira vez fica sem receber.
No Estado, dos 76 peritos que atuam, 65 aderiram à greve. De acordo com a Associação dos Peritos Médicos do INSS, estão mantidos 30% dos atendimentos, direcionado ao auxílio-doença, prioritariamente a quem faz a perícia pela primeira vez. Os peritos querem, entre outros benefícios, a efetivação da jornada de 30 horas por semana, reajuste de 27,5% nos salários, incorporação da gratificação vinculada à fila de atendimento e concurso público.
“Hoje, 30% das perícias estão sendo feitas e todas as outras são remarcadas. No primeiro mês, foram 12 mil remarcações. Hoje, já estamos em cerca de 24 mil. Em média, são 15.500 perícias por mês no Estado, sendo que cerca de 3.500 têm sido feitas”, explica Juliano Pina, delegado da Associação Nacional dos Peritos Médicos do INSS – gerência Vitória.
“Ficamos aflitos também, junto com a população”, diz ele. “Agente entende esse problema da população, principalmente em uma greve que está durando tanto tempo. Mas o governo não negocia. Ontem, (quarta), o ministro cancelou a reunião marcada”.
Quem já está no auxílio-doença, explica Pina, terá ele renovado automaticamente, mesmo sem perícia.“ Se ele vai fazer a perícia pela primeira vez, quando fora avaliado, se for constatado que teve incapacidade, ele vai receber o benefício desde quando marcou a primeira perícia. Mas, até lá, a pessoa fica sem receber. Esse é o grande prejuízo para a população e, por isso,temos ansiedade em resolver logo a greve”, diz o delegado.
Por isso, as perícias iniciais estão sendo priorizadas. “Já sabemos também que há casos de pessoas que poderiam voltar ao trabalho mas não conseguem, pois ainda estão recebendo pelo INSS. Esses não terão que devolver nenhum valor. Eles vão estar liberados a voltar quando fizerem a perícia”, explica Pina.
Os pedidos de aposentadoria por tempo de contribuição e idade não estão sendo afetados pela greve, diz o INSS. O instituto diz que respeita o direito constitucional de greve mas reconhece as dificuldades impostas à população. Por isso, trabalha para que as negociações, atualmente conduzidas com a categoria pelo Ministério do Planejamento, levem à pronta retomada dos serviços.
Paralisação
70 dias é o tempo que já dura a greve dos peritos médicos do INSS no Estado.
Oito das 32 agências não prestam o serviço
Em oito das 32 agências do INSS no Espírito Santo as perícias médicas não são feitas por falta de peritos para atendimento à população. É o que diz o delegado da Associação Nacional dos Peritos Médicos do INSS – gerência Vitória, Juliano Pina.
“O auxílio-doença é a maior parte dos atendimentos, é o carro-chefe do INSS, e o benefício que mais impacta na população. Hoje, no Brasil,temos falta de 2 mil peritos. No Estado,são em torno de 25 peritos – precisava de, no mínimo, 100 peritos no Estado. Todas as agências do INSS fazem perícia, mas tem oito agências no Estado que não fazem porque não têm peritos. Essas não conseguem ofertar perícias, só fazem atendimento administrativo”.
Segundo ele, o perito do INSS tem 66 tipos de atividades e atende a sete ministérios. “É uma carreira pouco atrativa. Só nos últimos dois meses,no Estado, três peritos pediram exoneração. Dentro deu mano, teremos 15 peritos aposentando e o quadro não é reposto pelo governo. A fila aumenta e quem é responsabilizado é o perito”, afirma.
Fonte: A Gazeta.