Paralisação dos médicos peritos já dura um mês e 24 dias. Eles pedem reestruturação da carreira e melhores condições de trabalho
Sem o atendimento dos médicos peritos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que estão em greve há um mês e 24 dias, 7.960 perícias estão atrasadas no Espírito Santo.
O número, segundo o INSS do Estado, é baseado na diferença entre as 12.706 perícias agendadas e as 4.746 realizadas em setembro.
O órgão informou ainda que, de janeiro a agosto deste ano, foram realizadas 106 mil perícias.
Segundo o delegado da Gerência Espírito Santo da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social (ANMP), Juliano Cezar Pina, as principais reivindicações da categoria são: reestruturação da carreira, adequação da jornada de trabalho, incorporação e alteração dos mecanismos de avaliação da gratificação e condições melhores de trabalho nas agências.
De acordo com Juliano, dos 76 peritos existentes no Espírito Santo, 11 não aderiram à greve e outros 10 estão de férias ou de licença médica.
“Estamos mantendo 30% do atendimento, principalmente voltado para os beneficiários do auxílio- doença”, explicou ele.
“A associação tem um projeto de reestruturação da carreira para receber por subsídio e não mais por
gratificação”, completou o delegado.
Juliano disse ainda que outra preocupação é com a realização de novos concursos. “Existem, pelo menos, nove agências no Estado que não têm peritos. Além disso, outros 10 peritos vão se aposentar em 2016, fora a defasagem no quadro de funcionários devido a pedidos de exoneração pelas más condições de trabalho”.
A assessoria do INSS do Estado informou que os segurados que não estão recebendo benefício e os que estão aguardando perícia para retornar ao trabalho têm prioridade no atendimento realizado pelos peritos que permanecem em atividade.
As pessoas que tinham agendado perícia, mas que ao chegar no INSS não foram atendidas por conta da greve, têm de agendar uma nova data junto ao órgão ou pela Central 135. Ao conseguir se consultar, o beneficiado vai receber o retroativo referente à primeira data agendada.
Quem tentou, mas não conseguiu agendar a perícia de prorrogação, quando se solicita uma extensão do benefício por não estar apto ao retorno do trabalho, também terá garantido o recebimento contínuo do benefício, segundo o órgão.
361 não são atendidos por dia
Cenário
OS MÉDICOS peritos do INSS no Estado acompanham a greve nacional e estão paralisados desde 4 de setembro deste ano.
EM SETEMBRO, estavam agendadas 12.706 perícias, mas apenas 4.746 foram realizadas.
OU SEJA, há pelo menos 7.960 perícias atrasadas. Uma média de 361 pessoas não são atendidas por dia no Espírito Santo.
NO ESTADO,de 76 peritos, 11 não aderiram à greve e outros 10 estão de férias ou de licença-médica.
ENTRE AS REIVINDICAÇÕES da categoria estão: reestruturação da carreira e adequação da jornada de trabalho para 30 horas semanais.
Quadro defasado
O DÉFICIT no quadro de funcionários no Brasil é de 2 mil peritos.
NO ESPÍRITO SANTO, 10 vão se aposentar em 2016, e outras nove agências estão sem peritos, necessitando de novo concurso.
Empregadores e empregados
NESSE PERÍODO de greve dos peritos do INSS, é possível marcar uma consulta, com médicos do trabalho, para o empregado que estava afastado e que já se sente melhor para checar se ele está apto a voltar ao trabalho.
É IMPORTANTE que quem esteve no INSS para perícia, mas não foi atendido por conta de greve, remarque a consulta para poder receber atendimento e o benefício retroativo à data do primeiro agendamento.
ANÁLISE
“Análise de aptidão para o trabalho”, Gisele Kravchychyn, advogada previdenciária e diretora do IBDP.
“Quanto aos empregados afastados que não conseguem retomar o trabalho por falta de perícia, o empregador tem outras formas para resolver a situação.
É possível procurar um médico do trabalho, seja da empresa ou terceirizado, para ser realizada uma análise e saber se ele está apto ao retorno ao trabalho.
Já para os trabalhadores que por ventura ficarem sem o benefício, é possível mover uma ação judicial para que o juiz libere uma tutela para autorizar o pagamento do benefício”.