O foco é em fortalecer a luta da categoria em favor de direitos trabalhistas e contra o capital
O Encontro Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Saúde aprovou, por unanimidade, um plano de ação que visa a conscientizar a classe trabalhadora para que ela seja protagonista na luta em defesa da Previdência Social, dos direitos trabalhistas e serviços públicos e contra as medidas políticas que beneficiam o sistema capitalista em detrimento das trabalhadoras, trabalhadores e de suas conquistas.
O plano chama atenção ainda para a realização da auditoria da dívida pública, traz alerta sobre as eleições municipais de 2016, reforça a importância de concurso público em favor do SUS, conta com orientações sobre aposentadoria, sobre assédio moral e desvio de função e ações voltadas para planos de saúde, como a Geap e a Capesaúde.
Além disso, o plano de ação traça como meta a retomada do protagonismo nacional do Sindprev-ES em favor da saúde do trabalhador e da trabalhadora, já que a entidade capixaba já foi referência para Fenasps nessa luta.
A construção e aprovação deste plano só foram possíveis graças ao encontro, realizado pelo sindicato, nos dias 15 e 16 de julho, no Centro Social José Carlos Luz Marques, em Bicanga, Serra. O evento teve como tema: “A Saúde está na mira! Você também! Avançar na Luta! Nenhum direito a menos!”.
“Esperamos, agora, que junto à categoria possamos fazer a pressão e a luta políticas necessárias para colocarmos o nosso plano de ação em prática, em favor dos direitos dos trabalhadores e da área da saúde, contra a privatização do SUS e contra o retrocesso que são pautas do governo interino”, argumentou o coordenador do Sindprev-ES, Willian Aguiar.
Para ele, os temas das palestras contribuíram para que as/os participantes aprovassem o plano de ação, que pode ser conferido aqui.
O encontro teve a participação de trabalhadoras e trabalhadores da Grande Vitória e do interior do Estado, que destacaram a importância de mais esta atividade promovida pelo Sindprev-ES.
Debate: “O sistema capitalista adoece a classe trabalhadora”
A assessora política do Sindprev-ES, Lujan Maria Bacelar de Miranda, falou sobre a “Saúde do trabalhador e da trabalhadora e as relações ético-profissionais no ambiente de trabalho”, durante a programação do segundo dia do Encontro.
Em sua exposição, Lujan explicou o que são as relações ético-profissionais. “Ética vem do grego ethos, que faz referência aos bons costumes, aos valores. São as normas e condutas que devem ser observadas e colocadas em prática no ambiente de trabalho. E contribuem para o desenvolvimento social e bem estar. Tem de ser praticadas no dia-a-dia no seu local de trabalho. Você deve obedecer a essas condutas no seu local de trabalho”, afirmou.
Já sobre saúde, ela ressaltou que é um tema que vai muito além do estar com a pressão arterial boa, com taxas sanguíneas normais. “A saúde é um dos princípios basilares para a felicidade dos povos. É um direito de todas e de todos”, disse, destacando que a promoção da saúde passa também em se trabalhar em um local com as devidas condições de atuação; em se receber um salário digno e em não se calar diante de situações, como algumas ferramentas da gestão que visam punir a trabalhadora e o trabalhador.
“A avaliação de desempenho tem um ataque punitivo. O autoritarismo. O ataque ao movimento sindical. O patrão ataca o sindicato (quando a entidade critica um processo de avaliação, por exemplo), diz que ele (o sindicato) não faz nada. E você ouve, fica calado e até concorda com o patrão. É preciso ter cuidado com isso, pois acontece de uma forma tão sutil que acaba passando despercebido. E você acaba ficando quieto. E essa paz de cemitério não interessa a quem quer mudar o mundo, a quem quer respeito no seu local de trabalho”, alertou Lujan.
A situação, porém, não se restringe ao local de atuação. É que os ataques vêm de Brasília também. Lujan lembrou que o presidente interino tem como foco instituir o projeto do PMDB ‘Ponte Para o Futuro’. “É um programa de governo que visa o retrocesso, a retirada de direitos da classe trabalhadora”, pontuou.
Além disso, ela teceu críticas ao sistema capitalista e ao seu modus operandi, que visa o lucro em detrimento do bem estar e da saúde da classe trabalhadora, que o sustenta.
“É um sistema desumano, que adoece a trabalhadora e o trabalhador. É uma doença fruto da própria situação do trabalho. Por isso, é tarefa nossa lutar para derrubar esse sistema. O nosso papel e o do sindicato é lutar para defender outra sociedade. Lutar para derrotar o capitalismo, para garantir que o trabalho de fato seja, o que a maioria de vocês afirmou no início da minha palestra: que o trabalho nos enobreça e não nos leve à barbárie como tem ocorrido”, assinalou a assessora do Sindprev-ES.
Quando começou sua palestra, Lujan fez três perguntas às/aos participantes:
Querer é poder? Poucos levantaram a mão concordando.
A dor nos torna melhores? Poucos também concordaram.
O trabalho enobrece? A grande maioria levantou a mão.
Na sequência, ela leu um texto da escritora gaúcha Lya Luft, cujo título é: “O trabalho enobrece”? Clique neste link e leia o texto.
Em seu argumento, a escritora mostra que: “Nenhuma condição, nem mesmo alto salário ou localização ideal, é tão importante quanto se sentir necessário, ser apreciado, ainda que seja por colocar diariamente centenas de vezes o mesmo parafuso no mesmo lugar da mesma engrenagem. Pois, sem esse mínimo objeto bem posto, alguma coisa há de falhar, e cabe ao empregador, no meio de tantas teorias, setores especializados, recursos humanos e psicólogos, em vez de tentar burlar as leis, aperfeiçoá-las, ir além da letra fria, e dar a quem trabalha a sensação essencial de que o seu trabalho, seja qual for, é importante e o está enobrecendo”.
Ou seja, diante da conjuntura política de retrocesso, de privatização, de retirada de direitos, de projetos nefastos, que enfraquecem conquistas e limitam direitos do movimento sindical e popular, diante de um sistema econômico que visa acima de tudo o lucro: o trabalho só vai enobrecer o patrão e deixar o trabalhador com a sua saúde cada vez mais comprometida.
Dessa forma: “é imperioso lutarmos para derrotarmos este sistema. Para mudarmos esta sociedade”!
Primeiro dia. A “Conjuntura com ênfase no Projeto de Lei 257/2016, Medida Provisória 726/2016, Proposta de Emenda Constitucional 241/2016, dentre outras medidas de ataque aos direitos e acordos de greve” e a “Situação dos cedidos e cedidas ao SUS (condições de trabalho, desvio de função, assédio moral, abuso de poder)” foram os temas debatidos no primeiro dia do Encontro Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Saúde.
Participantes destacam a importância do evento
“Foi excelente, foi muito válido, abriu muita a nossa dimensão de muita coisa que estava por debaixo dos panos. E nós temos uma visão melhor mais ampla. E é preciso buscar o que é melhor para nós, pois futuramente isso vai ter uma consequência se não fizermos nada. Aprendi aqui que temos que ir à luta. Vemos muitos colegas querendo desistir do que temos, sem fazer nada. Mas temos que valorizar e seguir em frente para não perdermos o que conquistamos”.
“Tivemos boas apresentações, inclusive do nosso companheiro Lincoln, que veio do Paraná, e demonstrou bastante conhecimento na área sobre saúde pública, sobre as portarias, leis. E foi muito bom. Quem compareceu aqui teve momentos marcantes. Para mim, valeu a pena. E levo para Linhares que temos algumas pautas que o grupo precisa tomar conhecimento. É o caso das novas medidas cautelares, que representam o grupo. E vou demonstrar a eles que não interessa só a mim, mas a nós todos. Agradeço ao sindicato pelo evento e espero que aconteçam outros mais”.
“A formação de novas ideias dentro de uma entidade sindical se dá através da participação de pessoas dentro dos eventos, como este que foi realizado. Conclamo aqueles companheiros que aqui não vieram para que, se possível, participem dos próximos encontros para tornarmos mais informados e assim trabalharmos para fortalecermos a nossa entidade sindical e a nossa categoria”.